Imagina que eras tu a sair da cama nesse dia. Desanimado, caminhavas para o duche para acordar. Depois da cama, resta-te apenas o abraço quente do chuveiro antes de enfrentares o dia que ainda não começou.
Sais de casa e a claridade ainda te dói nos olhos. Pensas que aquele era um bom dia para teres ficado na cama agarrado aos teus. Estás, neste momento, em processo automatizado. A ir para o trabalho, a ir para a faculdade, a ir para a escola. Para quer que estejas a ir, podias estar feliz por não estar a fazer esse caminho.
Consegues imaginar-te? É fácil, provavelmente passaste e ainda passas por isto.
Agora tenta de uma maneira diferente. Tenta imaginar o que é um dia em que sais de casa com os olhos a lacrimejar. Fechas a porta de casa, sabendo que os teus sonhos não foram avante. Não és metade do que imaginaste ser. A culpa pode ser tua. Podes ter tomado decisões erradas ao longo da tua vida. Ou tiveste azar, apenas.
Se puderes, hoje olha para os teus filhos. Para os teus pais, irmãos ou irmãs. Olha para os teus avós ou para os teus amigos mais chegados. Até onde irias por eles?
Se não por ti, então que seja pelo outros. Há dias que não acabam. Em que a ansiedade de ir dormir é maior que a vontade de estar acordado. A dormir podes sonhar. Deves sentir uma força igual à necessidade de comer de ser para ti e para os outros. Para impedir tristeza. Só e tão simples quando isto. Não és responsável pelos outros mas deves preocupar-te. Não precisas de ser herói conhecido em capas de jornal, precisas de saber o que fazer quando o momento te perguntar: ‘’E agora, queres ser herói?’’. Ninguém te vai dar crédito por isso pois ninguém vai ver. Mas não é preciso. Talvez, nesse dia, durmas melhor. E aquele ou aquela que ajudaste também. Talvez essa pessoa, nesse dia, não chore. Por tua causa.
Chega?