Expressa o facto no momento em que se fala. Pessoal e transmissível.
06
Jun 12
publicado por José Maria Barcia, às 16:22link do post | comentar

Há qualquer coisa na crise que faz os portugueses irem almoçar e jantar fora. Um quase grito de desespero misturado com o abandono de esperança num futuro mais simpático. Assumir a desgraça futura pode, então, relacionar-se com gastar dinheiro, comendo e bebendo bem. Prazeres simples da vida – esses de comer e beber bem – gastando o que ainda se tem, com consciência que mais vale ali que em impostos. Impostos esses, que por sua vez, alimentam outras barrigas, obviamente com o mesmo sentimento de desistência. ‘’enquanto posso vou comer bem’’ – pensam as pessoas. ‘’Enquanto posso, vou comer ainda melhor’’ – pensam os bem-pensantes do Parlamento.

 

Ora veja-se a ementa: começa em bacalhau do Atlântico. Claro, seria impensável ter uma equipa de futebol no Europeu e, nós por cá, alimentarmos os nossos representantes com bacalhau artificial. Nós, tradicionalmente comedores de bacalhau – pelas minhas contas existem cerca de 324 receitas de bacalhau – temos que fornecer o melhor bacalhau a outros bacalhaus.

 

De seguida, as aves. A vergonha a nível internacional seria catastrófica se, porventura, os senhores do Parlamento comessem frango assado. Imagine-se um alto dignitário de uma grandiosa nação, ao visitar o Parlamento de todos os portugueses e encontrar, não um, mas todos os deputados em amena cavaqueira com uns míseros frangos assados na mesa. Seria, portanto, um desastre bíblico: pobre Dr. Paulo Portas, a ter que representar o país por esse mundo fora, sabendo de antemão que, na cabeça dos outros MNEs estaria a frase: ‘’Lá vem ele, o ministro dos negócios estrangeiros daquele país que come frango assado’’. Seria impossível conduzir qualquer tipo de acordo. Obviamente que pombo torcaz e rola, se confeccionados propriamente, devem ser obrigatórios em qualquer cantina, ou até em qualquer canto da Assembleia da República. Quais sandes de leitão, eu quero a minha sandes de rola perfumada de trufas brancas.

 

Obviamente, que tais iguarias podem, como se diz por aí, embuchar. Não queremos isso e a água – que não pode ser da torneira (malditos senhores das Águas de Portugal, sempre a chular o Zé Povinho – deve estar reservada apenas para aquele sítio onde se fala e faz leis e tens umas poltronas. E como país, tendencialmente católico in vino veritas! Para quem não sabe é latim e tem a ver com vinho. Aquele de cartão, por manifesta preocupação de quem não tem casa e dorme na rua, deve ser excluído das mesas parlamentares. 12 variedades de vinho verde, 15 de tinto, desde que seja alentejano ou do Douro. No entanto, parece-me pouco para uma nação com um nível fiscal igual ao dos países mais ricos da ponta mais fria da Europa. Creio que menos de 25 variedades de cada, faltando o vinho branco, é uma afronta à dignidade nacional e, como é obvio, à própria soberania.

 

Por esta hora, já os nossos representantes estão bem alimentados. Mas engane-se quem ache que um país com ministros a exercer tão bem certas e determinadas pressões, podem ir trabalhar com algo tão singelo como uma refeição. Segue, pois, o digestivo. Uma rola pode ser bastante indigesto, e não há-de ser um moscatel que vai resolver o problema. O whisky, aquele da Assembleia, tem de ter pelo menos uns bons 20 anos. O que seria obrigar os nossos excelsos deputados a bebericarem aquela bebida com apenas 10 anos. A afronta seria tal que o mais provável seria uma invasão espanhola.

 

Agora sim. Bem comidos e excepcionalmente bem bebidos os nossos parlamentares podem voltar à sua labuta diária. Salvando o país e mais, mantendo Portugal ao nível das suas refeições.


completamente off topic: o título do blog e o subtítulo estão em cima da rosa dos ventos. é dar um padding-left: 10px; e a coisa deve passar.

de qualquer forma a AR tb tem 2 cantinas, como era a outra?

é tudo investimento público, o catering é nacional.
clara a 7 de Junho de 2012 às 10:25

Clara, obrigado. Já agora como é que faço isso?

E investimento público ou não, é demasiado.

não conheço o editor do sapo, se tiver um editor de HTML/CSS normal é procurar (ctrl + f) onde diz header e escrever (dentro da chaveta) "padding-left: 10px;"

isto porque estou a presumir que a imagem está como fundo (background image).

já almocei nessa cantina da AR e não me parece despropositado, na lógica de mercado, quem lá almoça é porque pode pagar, não vão comer hamburguers e isso.

deu bom post, anyway.
clara a 8 de Junho de 2012 às 18:38

Bom a mim parece-me que a polícia serve para prender quem vai contra a lei, o que vi foram polícias a ir também contra a lei e a agredirem, perseguirem e, até deterem de forma ilegal pessoas que não fizeram mais que manifestar-se pacificamente e alguns até iam só a passar nas ruas, coitados azar o deles não é? já agora porque estavam na rua?, porque não estavam enjaulados e encolhidos em casa? com que direito andam na rua? Já agora também podemos começar a colocar questões destas, não é? Desde o momento que achamos que o inocente é que deve pagar pelo crime do culpado e que o cidadão comum é que deve impedir um crime.

Nenhum polícia tem o direito de agredir, a sua função é deter quem prevarica e defender o património público de que tanto falam e, proteger acima de tudo, a população. volto a perguntar porque não deteram o primeiro que começou a atirar pedras? porque não resolveram logo o assunto? Com tanto polícia á paisana, com os 10 ou 20 que atiravam pedras completamente isolados dos restantes manifestantes (sim, porque os próprios manifestantes lhes pediram para eles pararem e quando viram que eles não paravam criaram uma barreira entre eles, havia um espaço bem razoável entre os que atiravam pedra e os manifestantes pacíficos) com o tempo que tiveram, a polícia não conseguiu deter quem cometia os “crimes”? são incompetentes? Não, foram instruídos para isso, obedeceram a superiores que os sujeitaram às pedradas para a seguir legitimizarem uma atitude cuja única intenção foi, e continurá a ser, instalar o medo no povo, a de reprimir, a de calar.

Falam muito também que os manifestantes pacíficos deviam ter abandonado a manifestação. Bom isso é dizer então que não se podem fazer mais manifestações. Porque em todas haverá sempre parolos que atiram com pedras ou betardos ou garrafas ou o carago, mas é para esses que as forças policiais deviam lá estar, para agir imediatamente, para os deter, não espancar. Bem, como para proteger os manifestantes pacíficos, para protegerem o nosso património, coisa que não fizeram, muito pelo contrário assistiram impavidos e serenos a isso.

Também me parece que se acham normal que se deva abandonar manifestações se meia dúzia de pessoas atirarem pedras então é fácil, não haverá mais manifestações até porque os próprios polícias podem fazer esse papel. Daqueles que atiravam pedras, sabem se algum deles não seria polícia?

As pessoas agredidas, espancadas foram essencialmente mulheres, idosos, até pessoas de cadeiras de rodas, como uma familiar minha que foi espancada, presenciou a polícia a querer espancar um senhor de cadeiras de rodas e foi um amigo dessa minha familiar que se colocou à frente a pedir calma e a polícia deu-lhe a calma com o cacetete, um polícia de cada lado a bater-lhe. A minha familiar encontrava-se lá ao fundo ao pé dos prédios, sítio de onde não choviam pedras nenhumas, sítio de onde não foi audível o “aviso” da polícia, mas foram essas as pessoas que estavam bem longe dos prevaricadores que foram agredidas.

Querem que o povo se cale e nós não nos podemos calar, não nos podemos conformar. nunca na minha vida me meti em manifestações, nunca me meti na política, nunca tive problemas com a polícia mas não me posso continuar a dar ao luxo de ficar indiferente e calada como se nada estivesse a acontecer. está a acontecer que querem transformar as pessoas em escravos obedientes, conformados, calados e que se prestem a ser chulados por aqueles que deviam zelar pelo nosso PAÍS, pelo nosso bem estar e que não fazem mais que nos roubar, enganar e humilhar, bom e agora também agredir e perseguir com as forças policiais e comunicação social do seu lado a esconder e deturpar a verdade.

O povo está sozinho, não tem ninguém que o defenda, ou nos ajudamos uns aos outros ou estamos lixados e vocês que continuam de olhos fechados são o nosso e o vosso pior inimigo.
Filipa Grilo a 19 de Novembro de 2012 às 21:46

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