Expressa o facto no momento em que se fala. Pessoal e transmissível.
05
Mar 13
publicado por José Maria Barcia, às 17:38link do post | comentar

Como estar bem?

 

Estar bem não é ser o que se pensa a continuidade do estado. Estar é momentâneo, como tal, merece ser aproveitado, usufruído ou simplesmente, usado. 

 

Estar bem não é uma festa. No estar bem não existe banda sonora que acompanhe os movimentos alegres de uma dança. Estar bem não é fugir do contrário. Estar bem é inexplicavelmente, aceitar uma posição que passa o conforto. O conforto é mediano. O conforto é muito pouco comparado com estar bem. Não se está bem quando se resolve problemas. Aí, há apenas uma maior leveza do que incomoda. Estar bem não preciso de um local, precisa de um modo. Pode chover enquanto se está bem. Agora, neste momento, está a chover num dia cinzento. E até assim se pode estar bem. 

 

Estar bem é uma inspiração. Acorda-se bem e o dia é mais fácil. Quando se acorda bem, até a vida parece mais fácil. Os problemas não desaparecem, apenas tomam as devidas proporções. Não há dramas, há assuntos. O drama é um assunto exponenciado por culpa própria. 

 

Até hoje, não aprendi a ficar bem. Mas até hoje já consegui estar bem. Não é fácil mas é muito melhor. Encaixotar os dramas até o tamanho de assuntos e ser. Só se pode ser quando se está bem. Nos dias que correm, já não se aprende a estar bem. Aprende-se a querer ser bem, numa promessa de uma saco de nada. Todos nós, desde pequenos, vivem com a promessa de um dia bom. Esse dia é vago, nunca há uma boa explicação - descritiva e explicada - do que vem nesse dia. No entanto, tendemos a acreditar que esse dia é melhor que hoje e será sempre melhor que já foi. Hoje, isso é mentira. Não há dia melhor que o de hoje porque não se pode saber como é amanhã. O mundo pode acabar amanhã e isso é, amplamente consensual, um dia mau.

 

Uma vida que busca a promessa sem saber bem o que acontece quando a dita chegar é pouco vivida. Vive-se com o que a memória permite do que passou e daquilo que os sentidos deixam que aconteça. Pedir mais que isso é insensato. Só há amanhã se esse dia chegar hoje. De vale viver adiado se não se pode ter a certeza mais que absoluta de que esse adiamento valerá a espera? 

 

Não sei o que é ser bem. Tento, quase todos os dias, viver segundo essa promessa que me fizeram ainda no berço. Estuda, disseram. Trabalha, disseram. Mas nunca ficou por aqui. Não era estudar para ganhar conhecimento, para saber mais. Não era trabalhar para concretizar ou construir. Nunca foi isso. Estuda e trabalha, disseram, para teres sucesso. Ora, a partir do momento em que acreditei nessa promessa, comecei a adiar o hoje. Aliás, deixou de haver hoje. E até o sucesso, nunca mo explicaram. Dinheiro? Fama? Paz? Ou felicidade? Todos, talvez? Urge então, interromper a promessa. Estudar e trabalhar e viver e escolher o sucesso. Mas o meu, que deve ser diferente do teu. O meu é estar bem hoje. Mesmo que chova, que o cinzento do céu não passe e que o frio me obrigue a mais roupa. 

 

Não sei como ficar bem. Perdi tempo a aprender a cumprir a promessa dos outros a encontrar maneiras de estar bem quando isso não é natural. Hoje foi diferente. Hoje, aprendi que amanhã não acontece tanto como hoje.


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