Expressa o facto no momento em que se fala. Pessoal e transmissível.
24
Out 12
publicado por José Maria Barcia, às 12:00link do post | comentar

Como diz o Henrique Raposo, uma tabela para imprimir e colar na parede.

 

Via Blasfémias

 

Número de Cidadãos em Portugal: 10 555 853   (INE)
Número de Trabalhadores no Activo: 4 837 000   (Pordata, INE)
Dívida Pública Portuguesa (2004) (M€) 90 739   (IGCP, Pordata)
Dívida Pública Portuguesa (2011) (M€) 174 891   (IGCP, Pordata)
Obrigações do Estado com PPP 2012-2050, VAL (M€) 26 004   DGTC
Dívida do Estado incluindo PPP (M€) 200 895    
Defice Público Português 2008/2010 (M€) -23 354   INE–MFAP, PORDATA
Quanto devia o estado por cada português em 2004 (€) 8 596    
Quanto devia o estado por cada português em 2011 (€) 16 568    
Quanto devia o estado por cada português em 2011, incluindo PPPs (€) 19 032    
Quanto devia o estado por cada português trablhador em 2004 (€) 18 759    
Quanto devia cada o estado por cada português trablhador em 2011 (€) 36 157    
Quanto aumentou a dívida pública por português durante a gestão Sócrates? 93%    
Quanto? 93%    
Tchii! Tudo isso?  Uma desgraça    
Quanto deve o estado por cada trabalhador português em 2011, incluindo PPP: 41 533    
Quanto foi o défice dos governo entre 2008/2010, por trabalhador: (€) -4 828    
Quanto foi o défice mensal do estado só no ano de 2009, por trabalhador, por mês? (€) 295    
Quanto gastou o governo português em 2010? (M€) 88 502   Fonte (OE, INE)
Quanto gastou o governo português em 2010 por trabalhador, por mês? (€) 1 525    
Qual é o salário antes de impostos de um trabalhador português? (€ mensais) 1 077   Fonte: GEP/MTSS  , PORDATA
Qual foi o PIB português em 2011? (M€) 171 016    
Que dívida representa 60% do PIB? (M€) 102 610    
Qual o aumento da dívida esperado para 2012 a 2014? (M€) 20 522    
Admitindo crescimento 0, quanto temos que pagar de dívida pública para atingir 60% do PIB? (M€) 118 807    
Para pagarmos isto em 20 anos, quanto temos que pagar por ano? (M€) 5 940    
Admitindo que não se mexe mais nos impostos, quanto tem que cortar a despesa? (M€) 14 491    
Quanto? 14 491    
Quanto é a despesa do estado, excluindo Saúde, Educação e Segurança Social? 10 291   OE, Pordata
Estamos metidos num grande buraco, não estamos? Estamos.
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22
Out 12
publicado por José Maria Barcia, às 00:07link do post | comentar | ver comentários (3)

‘’O que queres ser quando fores grande?’’ – perguntou o meu avô. É esta a minha primeira memória dele. A primeira e a que mais vezes ouvi. Perguntou-me, sempre que me via – o que queria eu fazer com o meu futuro.

 

Era uma meia-pergunta, já disfarçada com a resposta que queria ouvir. Era-lhe estranho que eu, o seu primeiro neto, ainda não soubesse o que queria ser. Nem se assemelhava à profissão dele. Era ser. Para o meu avô, não existiu profissão. Existiu o que ele foi. Piloto.

 

‘’Quando era pouco mais velho que tu – dizia-me quando eu tinha 6 anos – já sabia o que queria ser. Vi um hidroavião a aterrar em Belém, onde morava, e vi o piloto com o cachecol ao sabor do vento e disse: eu quero voar’’. Esta era a segunda metade da pergunta – convencer-me a ser piloto. Das já esquecidas vezes que me contou, nunca deixei de ver o brilho nos olhos de quem seria capaz de voltar ao início, até ao dia em que viu o piloto do cachecol. Fazia parte da história um amigo do pai que lhe disse que ele nunca iria ser piloto, jocosamente, um típico velho do Restelo. Que lhe tivesse prendido as mãos, nunca conseguiria impedir aquele miúdo de dentes de leite a voar. Quando decidiu o seu futuro, fez mais que uma escolha. Ganhou uma certeza e passava-me isso. Foi feliz a fazer o que te escolhido como se não existisse livre arbítrio mas apenas sorte em conseguir tropeçar no destino acertado. Nunca me conseguiu vender a ideia de ser piloto por muito que tentasse explicar os benefícios de ser piloto, era impossível traduzir em palavras aquele sentimento. Ainda hoje, não sei. Por mais que tente, contento-me sabendo que ele sabia o que era voar. Esta é a primeira memória que tenho do meu avô. Desde cedo, já sabia que ia ser assim, simplesmente feliz. Os outros chamavam-lhe comandante. Estranhava isso. Era o avô. E aposto que preferia esta palavra.

 

Ensinou-me a pescar. A dar o nó certo no anzol – técnica que já me esqueci – mas lembrar-me-ei sempre que foi a única vez que o subestimei. Pensava que já era  altura de tomar conta dele por ser o meu avô mais velho. E com toda a perícia suficiente para colocar um puto de 11 anos no sítio lá ia ele de nó em nó, atando anzóis porque eu não conseguia. Pesquei dois peixes nesse dia e nunca mais tentei. Ainda hoje não consigo dar o nó. Ainda hoje me questiono do nó que ele dava, desafiando as leis da física.

 

Aprendi muito com ele e o que ainda não pus em prática, guardei para um dia mais tarde ser. Quando nasci, ele tinha 74 anos. Era um miúdo, ele. Ainda passei bons anos a conhecê-lo. A apreciar cada história que, com a devida e merecida nostalgia, me contava. Ele que sempre foi um senhor. Sempre de fato, gravata e colete, pin do colégio militar. Ele de cabeça nas nuvens, não por distracção mas porque sabia que só acima daquilo que está ao nível de todos, era feliz.

 

O meu avô morreu.

 

Com 96 anos, faz o último voo. Despede-se de vez da cama de hospital e da cadeira de rodas do lar. Larga a doença que o impedia de andar, falar e até reconhecer quem amava.

 

Das várias coisas que aprendi, foi assim que descobri que a vida é injusta. Passava-me pela cabeça como se podia passar a vida a voar, a ver o mundo reduzido à sua simplicidade minúscula e de repente, de grande como o mundo,  para pequeno. Do tamanho do sítio de onde já não conseguia sair.

 

Aqui entre nós, avô: ouvi sempre com um sorriso orgulhoso as histórias que me contavam de ti. Da estima que os outros tinham por ti. Da vida boa que tiveste – essa coisa que todos invejam, mas reservada a poucos. Tiveste uma grande vida. E também me lembro que dizias que a vida passou a voar. Literalmente e não. As coisas passam rápido quando gostamos do que estamos a fazer, não é?. E agora que foste ter com a tua Zézinha, minha mãe e tua filha, finalmente consigo descansar pelos dois. Porque só agora soubeste que ela partiu primeiro que tu e porque sei que ela já estava ansiosa à tua espera. Imagino-vos agora, abraçados, compensando os anos que passaram e não  puderam estar assim, abraçados. Por último, não vou ser piloto. Estranhamente por ser teu neto, tenho medo de voar.

 

Adeus Avô. Espero que não haja muita turbulência nesse último voo. E manda um beijinho à Mãe.

 


11
Out 12
publicado por José Maria Barcia, às 15:11link do post | comentar

 

Carlos Zorrinho disse à TSF que a bancada parlamentar do PS poupou ao só pagar 3700 euros por mês para quatro carros. Defende-se, dizendo que o grupo parlamentar tem um presidente, 12 vice-presidentes e 74 deputados. E precisam de carros no valor de 60 mil euros. Vai na volta e isto é populismo. Porque os deputados precisam de luxos e comodidades para exercer o seu mandato sem quaisquer problemas. Que um custo de 3700 euros por mês não é nada comparado com o défice de muitos mil milhões.

 

Isto é tudo uma palhaçada. O deboche – não há outra palavra – atinge proporções gigantes. O partido da oposição que não é oposição porque prefere abster-se de tudo é recompensado com carros de luxos. E o líder da bancada parlamentar ainda tem a lata, ou menos, a insensibilidade de dizer que poupou com este negócio. Junte-se isto ao golfe de 50 mil euros para os senhores deputados e pergunte-se: ‘’por que raio todos dizem que os políticos são maus?’’.

 

Ainda não sei...

 

 

Mais ridículo ainda é só agora começarem a aparecer as negociatas de Pedro Passos Coelho. Desta vez com o suspeito do costume – Sua Excelência, o pseudo-engenheiro ou doutor, Miguel Relvas. É preciso um jornal estar a acabar para sair esta noticia: no Público ‘’Relvas ajudou empresa ligada a Passos a ter monopólio de formação em aeródromos do Centro’’. Portanto, Passos Coelho, à altura, um mero gestor, usa Miguel Relvas, um mero secretário de estado para ganhar dinheiro. Faz sentido. Tudo muito legal.

 

Era o tempo das vacas gordas e os fundos europeus jorravam dinheiro por este pedaço de terra à beira-mar plantado. E há sempre as ervas-daninhas que se imiscuem nas águas de todos. Hoje, um é primeiro-ministro e o outro é ministro. São os melhores amigos e, tal como as hienas se juntam para atacar o que quer ou quem quer que seja, um protege o outro e vice-versa.

 

Concluindo, os grandes actores políticos de Portugal continuam a comportar-se em aura de impunidade. São eles as vitimas porque nunca têm culpa. Não são hipócritas porque esses sabem quando erram. São piores, são escumalha sem escrúpulos. São gente deslumbrada com dinheiro e poder. E isto, não é populismo na simples medida em quem nos governa é assim tão básico. Para eles, basta isto. No fundo, não passam de um bando de hienas.


10
Out 12
publicado por José Maria Barcia, às 00:06link do post | comentar

 

A normalidade é aborrecida. O tédio destrói tanto como ansiedade. No primeiro estado inventa-se. No segundo, deixa-se ir. Em ambos, é-se motivado pelo errado das acções.

 

A normalidade de uma vida deveria consistir numa vida pacata a roçar o inócuo. Nascer-viver-morrer e já está. No entanto, esta coisa de ser normal nunca é como aparece nos livros. A média – enquanto espelho da normalidade – é, na estatística, o valor que raramente se coaduna com a realidade. Em média um português a trabalhar por conta de outrem recebe 867,5€. Na realidade, há quem aufira  850 ou 900. Admite-se até que receba 860. Mas a média de salários, assim como a normalidade na vida, é metafísica. O patamar daquilo que não é estranho só aparece nos livros e na teoria que um e outro e tantos têm na cabeça. Por outras palavras, todos sabem o que é ser normal. Na prática, ninguém o é.

 

O que é ser normal? É não esperar muito e prevenir o pouco? É, depois de nascer, procurar ser e estar melhor? Ser assim é estar numa curva ascendente até ao dia em que se morre? E para ser normal a morrer, tem de ser durante o sono?

 

Indo por partes: à nascença. Aquele ou aquela que nasce com os pés primeiro hipotecou as hipóteses de uma vida pacata. Calmo, sossegado, neutro. É isto ser normal? É aborrecido. É maçador. Pior, é chato.

 

Depois, na infância. É preciso ter amigos mas nenhum que nos faça cometer loucuras ou ficar de castigo. As pessoas normais nunca são castigadas. Logo aqui, um pode concluir que a normalidade implica factores externos normais como os amigos e a família. Dito isto, é muito difícil levar uma vida normal mesmo antes dos três anos.

 

A adolescência. Madrasta de uma vivência. Ninguém gosta da adolescência, mesmo que não o consiga admitir. A adolescência é quando nos apercebemos que afinal a normalidade é muito difícil de atingir. É neste altura que se diz ‘’eu queria ser como ele que é normal’’ sem saber que ele diz o mesmo de ti. As dúvidas surgem antes dos 18 anos. Os medos desenvolvem-se e as defesas começam a criar fundações para as muralhas que se hão de construir. Pessoa diz ''Protege de muros quem te sonhas''. Isto vem na adolescência. Os sonhos por mais escondidos, ficam sempre dentro de uma pessoa. Numa quinta gaveta no armário mais maltratado da memória. Perdido numa sala com a chave em parte incerto. Coberto por caixotes cheios de térmitas. Num armazém. No fundo da cabeça. Quem tem sonhos nunca é normal nem sequer pode almejar a tal. O sonho tem sempre algo de irrealista. E o normal é sempre real.

 

Depois dos 18, suponho que seja sempre a piorar. A tal curva ascendente torna-se um rodopio de gráficos que comparam ganhas e perdas de não ser normal.

 

No fundo, ser normal, calmo, estável, sem grandes euforias ou depressões é aborrecido. Ser normal é aborrecido. É comida sem sal, verão ser calor, inverno sem chuva. Ser normal é viva sem sal nem calor nem chuva.

 

Se bem que a normalidade deve ser defendida em alguns aspectos. Em dose q.b. é bom não ser mas estar normal. Quase como um refúgio ou uma carta de trunfo que safa a mão na mesa. ''Agora deixa-me ser normal só para descansar um pouco''. Se a vida fosse um jogo, estar normal seria pedir um tempo. Para definir estratégia, motivar os jogadores ou simplesmente descansar. Sim, ser normal pode ser só isso: um pouco de descanso. Que, diga-se, às vezes cansa e chateia. Mais que aborrecer, a normalidade chateia horrores.


09
Out 12
publicado por José Maria Barcia, às 23:36link do post | comentar

É mais difícil não escrever a ter de escrever.


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