Expressa o facto no momento em que se fala. Pessoal e transmissível.
24
Jul 12
publicado por José Maria Barcia, às 17:52link do post | comentar

Sinusite Crónica


23
Jul 12
publicado por José Maria Barcia, às 18:12link do post | comentar | ver comentários (3)

Ontem fui almoçar a Setúbal. Até aqui, tudo normal. Ao sair do restaurante, deparo-me com uma coluna de fumo a avançar céu acima. Fui em direcção ao fumo que muitas vezes significa fogo. À chegada, o ar já era irrespirável e o fogo atingia tamanhos de um prédio de quatro andares.

 

 

Ao que parece, começou tudo num pequeno incêndio dentro de uma espaço que parecia uma quinta abandonada. Peguei no telemóvel e decidi tirar fotografias e filmar algumas coisas, tanto que não havia jornalistas no local nem as redacções mostraram algum interesse em ir cobrir este acontecimento.

 

À medida que me ia aproximando do calor, chovia cinza, o céu azul já não se via e manter os olhos abertos era muito difícil. Decidi manter-me por ali. Entretanto, começo a ouvir gritos de ajuda por parte de alguém dentro da quinta - precisava de ajuda a tirar os carros. Quando me aproximei, já tinha conseguido tirar de lá todos os carros. Por esta altura, já se viam alguns camiões-cisterna dos bombeiros de Setúbal e Sesimbra.

 

Comecei a subir a rua de modo a encontrar o foco do incêndio. Foi nesta altura de guardei o telemóvel e peguei num balde. Tinha entrado numa casa que tinha as chamas muito próximas do muro. Nesse momento, aquilo que poderia ser um furo jornalístico passou para segundo plano. Ao entrar na residência, desci em direcção ao muro onde já se viam as chamas a cerca de dez metros. Uma rapariga deu-me uma máscara daquelas do tipo de hospital e comecei a agarrar em baldes, enchê-los de água e passá-los para as linhas mais próximas do muro e das chamas.

 

Pouco depois, alguém grita que era preciso mais uma pessoa em cima do telhado em cima do muro. Saltei lá para cima e dali, consegui ver a proximidade assustadora das chamas. E foi aqui que me comecei a impressionar. Primeiro, a organização. Na casa, estavam cerca de 20/30 pessoas, decerto muitos - que tal como eu - só foram lá ajudar, mas era espantosa a capacidade de funcionamento deste grupo. Não havia tempos mortos, quem estava em cima do telhado (e eram três pessoas, contando comigo) nunca ficava sem baldes cheios de água. Segundo, o sacrifício. No telhado, no canto onde as chamas estavam mais próximas estava lá um homem que não arredou pé. Onde eu estava, ligeiramente mais protegido das chamas, o bafo quente que de lá vinha já era insuportável. Os meus olhos ardiam, muitos vezes não conseguia estar de frente para as chamas, mas esse homem nunca parou. Por essa altura, numa troca de baldes, do chão para o telhado tive a oportunidade de observar o que se passava lá em baixo. Baldes, água, mangueiras, máscaras, enxadas e pás de agricultura de um lado para o outro num caos completamente organizado.

 

Depois de algum tempo lá em cima, onde só me conseguia refugiar atrás da chaminé, começamos a vencer as chamas. A direcção do fogo virou da casa para o terreno ao lado que se encontrava abandonado. Tinha sido uma vitória e os bombeiros ainda não tinham conseguido lá chegar. No entanto, não houve palmas nem gritos de felicidade. O que se passou a seguir foi, uma vez mais heróico. Um grupo de pessoas que não se conheciam de lado nenhum e ajudavam uma casa, pegaram nos baldes e foram atrás das chamas. Era esse o nosso inimigo e o objectivo era evitar mais destruição até os bombeiros chegarem.

 

 

E lá fomos, munidos de água em direcção às chamas. Nesse terreno baldio, com casas um pouco atrás, havia uma coluna de pessoas a combater as chamas. Não eram bombeiros nem profissionais. Eram ''só'' pessoas. Juntei-me a eles e, pouco a pouco, fomos conseguido combater as chamas. É por esta altura que chegam os bombeiros. Chamemos-lhes cavalaria pois as pessoas continuaram lá a ajudar os bombeiros até não haver mais fogos.

 

E acabou. Já não havia mais fogos. Sentia-me bem. Tinha ajudado e tinha sentido uma espécie de camaradagem quase obrigatória. E sim, obrigatória, pois foi esse o sentimento que me levou, no início, a pegar em baldes - como é possível assistir a outras pessoas em apuros e ficar impávido, a tirar fotografias?

 

Ao voltar à estrada principal sentei-me para recuperar o fôlego. Os olhos ardiam-me e o peito gritava por ar. Não ouvi um obrigado nem palmas das pessoas que ficaram a ver, feitas público como num concerto. Nem eu, nem ninguém. Olhei à minha volta e vi pessoas a quem passei baldes de água. Não precisámos de agradecimento. Ontem, eu e outros fizemos o mais correcto. E isso, é impagável.

 

Ontem, em Setúbal, vi heróis. Homens e mulheres desconhecidos que arriscaram o seu bem-estar para impedir uma tragédia. Ontem, senti orgulho por ter estado ao lado dessas pessoas.

 


15
Jul 12
publicado por José Maria Barcia, às 22:58link do post | comentar

Não sei quem é este historiador, um tal de Luís Vaz. Mas sei que o que ele entende como certo está completamente errado. Eu, como neto do comandante do avião desviado por Palma Inácio, sei que as conclusões e teses deste historiador são pura e simplesmente, mentira.

 

Sobre o desvio do avião, há várias falsidades. O artigo está aqui, para consulta.


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