Expressa o facto no momento em que se fala. Pessoal e transmissível.
28
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 01:27link do post | comentar | ver comentários (1)

 

Escrever é injusto porque joga, invariavelmente, com as preferências de cada pessoa que lê. Há textos preferidos, há textos indiferentes – são estes o pior cenário para quem escreve.

 

Aquele que escreve confronta-se com a folha de papel branca à sua frente como se esta fosse a sua maior inimiga. O vazio da página é a promessa de perfeição a quem lê. A primeira palavra de cada texto olha para o escriba e pergunta se a segundo será tão incrível como ela, e assim consecutivamente. É injusto escrever porque nunca se escreverá perfeição. Escrever tem e terá sempre falhas. Pequenas fendas no mural branco escrevinhado a preto que a cada releitura aumentam de proporções até se tornarem autênticos buracos na parede.

 

Não gosto de reler o que escrevo. Gosto de escrever de uma assentada só. Por causa das falhas e fendas e buracos. Sei que a segunda leitura da primeira escrita será a maior injustiça à ideia que vem após o derradeiro ponto final.

 

Escrever é injusto porque nunca se vai escrever o que se quer como quer. Há apenas uma maior ou menor aproximação. Há, ainda, a injustiça de querer agradar a todos os leitores e saber que só alguns serão visados pela putativa beleza das palavras. Uma frase que tenha dado um trabalho hercúleo a ser construída pode ser destruída se lida com uma indiferença excruciante.

 

Escrever é a única arte que rejeita perfeição. E fá-lo por manifesta incapacidade de alguma vez atingir esse estatuto. Não pode, não quer, não consegue. No fundo, escrever é um acto de rebeldia. Quanto mais rebelde o escritor for, mais menos perfeito é o texto.

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27
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 22:37link do post | comentar

Vivo em Lisboa, onde nasci. Tenho como muitos alfacinhas, uma relação de amor-ódio com a cidade que me acolhe. É, até, surpreendente como esta cidade consegue fazer-me apaixonar e enraivecer de hora a hora.

 

Lisboa é daquelas cidades com uma característica única. Há sempre um canto novo para descobrir. Seja a história de um edifício, por onde se passa todos os dias, seja o restaurante que se entra pela primeira vez, Lisboa recebe toda a gente de braços abertos. A capital reúne um mundo de vivências dignas de poetas e amadores, como tão rapidamente se transforma num antro de corrupção e traficantes de droga.

 

Lisboa é o amigo que exige uma enorme dose de paciência mas compensa com momentos de magia que nem numa volta ao mundo se encontra.  Esta singela cidade traz a si o melhor e o pior de cada um. E como a cidade é feita por quem lá vive, esta teve azar. O grande problema de Lisboa foi ter nascido em Portugal.

 

Ora veja-se. Lisboa, a cidade que junta tradição com as tendências mais contemporâneas em perfeita harmonia, peca por ser demasiado portuguesa. Uma cidade que se chamasse Lisbon, no Reino Unido ou Lisbonne em França seria considerada a melhor cidade, anos e anos consecutivos, em todos os rankings de turismo, bem-estar da população, entre outros.

 

Mas, como diz o ditado (mais ou menos), cada cidade tem os governantes que merece. E Lisboa, como não podia deixar de ser, merece o governante que tem. Com todos os defeitos que a capital apresenta, o maior só podia ser aquele que decide os seus destinos. António Costa, com o slogan ‘’Lisboa para as pessoas’’ ainda não percebeu quem são as pessoas. Antes de escrever esta crónica, dei-me ao trabalho que dar uma volta por Lisboa em hora de ponta. É um desastre. Trânsito insuportável motiva mau humor nas pessoas. E o mau humor nas pessoas é contagioso. Entre outras coisas. Por motivos de isenção (?), admito que fiquei demasiado tempo no trânsito na minha volta a Lisboa e isso foi traumatizante.

 

Portanto, fica aqui o mote: Caro António Costa, decerto gostas de Lisboa tanto quanto eu e achas, como eu, que Lisboa é para as pessoas. Agora, meu caro, não esqueças que as pessoas também andam de carro e que o trânsito influencia – e muito – o bem-estar na cidade. Vá lá, esforça-te. Lisboa agradece.

 

P.S. Um tema que não deve ser esquecido é a alegada pressão e ameaça de Miguel Relvas aos jornalistas. A ser provado culpado, a demissão não é suficiente, merece ir para a prisão já que a pena para estes casos vai até três anos. Um país que viva com uma comunicação social alvo destes crimes – e pior, que os aceita e iliba – não merece ser considerada democracia.

 

Crónica Clique


23
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 16:38link do post | comentar | ver comentários (1)

22
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 13:44link do post | comentar | ver comentários (11)

 

1- Razão há quando a esquerda pede a cabeça de Relvas. Muito mais do que quando pede a de Vitor Gaspar o de Álvaro Santos Pereira. Miguel Relvas, a provar-se verdade as ameças a jornalistas do Público, não tem para onde ir, só o olho da rua (leia-se Angola ou Brasil). No entanto, como se disse, este país merece os governantes que tem e depois da mafia socialista nos governos de Sócrates, o que se pode esperar de Relvas?

 

2- A direcção do jornal portou-se mal e este parágrafo é, no mínimo, escandaloso: ''A posição do PÚBLICO, ao longo dos anos, tem sido a de não reagir ou denunciar publicamente as ameaças ou pressões feitas a jornalistas. Não se trata de desvalorizar essas pressões. Esta prática foi seguida quando estivemos sob fortes pressões, como aconteceu recentemente no caso do Sporting.''

 

Se um jornal não considera digno de notícia uma ameaça ou pressão então porque raio continua a autodenominar-se ''jornal notícioso''?

 

3- A defesa pública de Miguel Relvas é muito feia. Começa no Mário Crespo a desvalorizar o sucedido e acaba em blogs que há dois anos atrás não se coibiam em trucidar Sócrates e os seus capangas. Ser/estar no poder não significa que os valores mudem. Aparentemente, só mudam as moscas.

 

4- Miguel Relvas é um amador. Conseguiu ser o número 10 do governo mas nunca pensou que na política a exposição pública é coisa de exibicionista. Podia fazer o mesmo, ser um Jorge Coelho do PSD mas precisou de palco. E como um bom amador, deslumbrou-se com as luzes. Tal como tantos outros, Miguel Relvas é um exibicionista deslumbrado pelo poder.


21
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 23:40link do post | comentar

17
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 16:22link do post | comentar | ver comentários (1)

Os professores ensinam. É essa a sua principal função. Os professores devem ensinar. É por isso que são professores. Os alunos aprendem, ou pelo menos devem aprender. É por isso que vão à escola. Mas isto dos professores, tem muito que se lhe diga.

 

Há professores bons e professores maus. Há professores que fazem maravilhadas durante uma aula. São cativantes, ajudam a aprender, gostam de ensinar e são bons no que fazem. Muito resumidamente, basta isto para ser um bom professor. São estes que o aluno guardará na memória. É possível medir a qualidade de um professor pelo tempo que este reside na memória de um aluno seu. No meu percurso académico tive dois professores que nunca mais vou esquecer. Hei-de estar a jantar com os meus filhos e contar-lhes como as aulas desse docente eram muito mais que aulas. O primeiro, tinha 13 anos, fez-me ‘’ver em vez de olhar’’. Foi esta a primeira frase que troquei com ele. Era professor de Língua Portuguesa e é graças a ele que me apaixonei pelas letras. Chama-se António Carlos Cortez. O segundo foi meu professor no primeiro ano de faculdade, ainda em Direito. Eduardo Vera-Cruz é o nome. Lembro-me de ansiar pela entrada dele na sala de aula. Sabia de antemão que a matéria de História do Direito seria dada pela assistente dele. E ainda bem. A sua função enquanto professor – aquela de ensinar – não se podia limitar às origens do Direito. Não, uma aula com ele era um prazer de ouvir quem tem algo para dizer e gosta de o favor. É muito difícil ter um professor que confie em caloiros de faculdade como ele confiava. Confiava-nos o futuro. E quando lhe disse que ia mudar de curso, que o de Direito não me satisfazia, ele concordou. E respondeu, a um miúdo de 18 anos – ‘’tens razão, esta merda não é para ti’’ e repetiu o palavrão mais duas vezes. Foi uma prova de confiança falar assim comigo. E os problemas em trocar de curso desapareceram naquele momento.

 

Infelizmente, há sempre o reverso da medalha. Os professores maus são os velhos. Não de idade mas de espírito. Um professor mau não gosta de ensinar. Fá-lo apenas por duas razões – orgulho ou obrigação em ser professor. Este professor será esquecido no dia em que sair pela última vez da sala de aula. Estes professores não prestam. Não merecem ser professores pois o que têm a dizer é só deles. O que ensinam – vulgo matéria para o teste – é muitas vezes livros do próprio. Não gosto destes professores. Fazem com que o acto de os ouvir seja equiparável ao toque de agulhas nos olhos – acreditem não é agradável. Este professor velho não consegue criar relações com alunos. Prefere ser virtualmente idolatrado. Vive a pensar que é melhor do que realmente é. Ainda não percebeu, e muito por falta de auto-crítica, que ninguém lhe presta o respeito que ele acha, por bem, merecer. O professor velho é o maior problema na Academia. Deixou de ter espaço mas agarra-se à cadeira. É como um polvo com oito tentáculos agarrados àquilo que o próprio acha que o torna alguém.

 

O professor velho não é ninguém. É uma pessoa iludida do seu mérito. Que é pouco ou nenhum.


13
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 17:46link do post | comentar | ver comentários (1)

Aviso à leitura: este texto contém linguagem forte e desproporcionada a indivíduos mais sensíveis a palavras como... merda.

 

 

Falta às gentes deste país aprender a mandar à merda. Há poucas coisas tão satisfatórias como um bom ‘’vai à merda’’ seja mais baixinho porque o outro é o patrão, ou bem alto porque o ouvinte não nos apanha para potenciais represálias físicas. Mandar à merda torna-nos humanos. Aquele que se rende à raiva é um animal, aquele que aproveita a raiva e ao invés de explodir conseguir traduzi-la num bom ‘’vai à merda’’ é um ser humano.

 

Mandar alguém ao calão dos dejectos pessoais é mais que apenas um insulto. É uma partilha de estado espírito ao nível que só os poemas de Amor – dos bons – atingem. Quando se diz ‘’olha vai à merda’’ aponta-se a condição humana que o que diz partilha com o que ouve. Mandar à merda um cão é indiferente. O bicho abana a cauda e segue caminho. Mandar à merda outra pessoa cria uma reacção no outro. Prova ao outro que ele está vivo, no mínimo. Mandar o outro ao dito sítio, normalmente mal-cheiroso, é um favor que se presta à própria humanidade. Esta é a análise sócio-humanista do indicar o caminho mais directo à merda a uma pessoa.

 

Passemos, então, aos benefícios da saúde que esta expressão acarreta. Logo à partida, um alívio generalizado do stress quotidiano. Devia ser instaurada, enquanto prática comum, a prescrição de um número de mandamentos à merda por dia. Tal como se faz com a água – deve-se beber pelo menos dois litros por dia – apoiaria um estudo que me dissesse quantos vezes, por dia, deveria mandar alguém à merda, de modo a salvaguardar alguma da sanidade que me resta. É fácil imaginar uma consulta médica deste género:

 

‘’Ó senhor doutor, como está? Olhe, eu cá para mim, estou péssimo. É a mulher, o emprego e o cão do vizinho. Estou com dores nas costas, ando sempre mal disposto. Não tem desses comprimidos que os famosos tomam, os xanaxes e assim?’’ – queixa-se o paciente.

‘’Meu caro, não sabe das novidades? O governo lançou um estudo que permite poupar nos comprimidos. Olhe receito-lhe seis ‘’mandares à merda’’, é o nome técnico. Dois de manhã, à mulher e ao vizinho, três depois da hora de almoço ao chefe, e antes de se deitar mais um à mulher.’’ – responde o médico, especializado em problemas relacionados com stress quotidiano.

 

Seria uma maneira fácil de resolver os problemas das gentes sem problemas.

 

No entanto, a crítica a esta método alternativo de vivência diz que assim a vida pode ter muitos dissabores. Porque as pessoas não gostam de serem mandadas ao resultado da refeição do dia anterior. Pois não, mas este método – usado nas grandes capitais do sítio onde são praticadas – promove, tal como o óbvio indica, um conjunto enorme de relações pessoais. Ora, mandar à merda um, implica que esse mande à merda outro e assim sucessivamente. Há sempre alguém a mandar à merda. E por cada ponto neste ciclo vicioso cria-se a desejada sensação de alívio.

 

Portanto, tentem. Vão à merda. E havemos de nos encontrar lá.


11
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 19:50link do post | comentar

É bom saber que a malta na Assembleia continua com boas ideias. Vais longe, filho. Assim, vais longe.

 

O deputado socialista Pedro Alves recomendou hoje à presidente da Assembleia da República que mandasse retirar a estátua da República do plenário, depois da maioria ter aprovado a eliminação do feriado do 5 de outubro.


publicado por José Maria Barcia, às 18:57link do post | comentar

Sobre a morte de figuras públicas, cria-se uma enorme confusão entre ver essa pessoa na televisão e conhecê-la. A Maria João Nogueira explica isso e muito bem:

 

''Tenho este post atravessado há uns anos. Há tantos anos que eu ainda nem sequer tinha Blog. O atravessamento agravou-se aquando da morte do Miguel Portas, e agora o Bernardo Sassetti parece ter sido a gota de água.

 

Quando morre uma figura pública, acabou-se, para nós, que não lhe éramos próximos. Para nós comuns mortais, que não fazíamos parte do seu círculo de amigos, acabou-se o tempo de homenagem. Porque as homenagens ou manifestações de apreço só servem enquanto as pessoas estão vivas. Se morre um artista de cuja obra eu tenha sido apreciadora, é enquanto ele é vivo que eu manifesto o meu gosto. Seja comprando o que ele produz, seja assistindo aos seus espectáculos, seja, para os que têm mais lata e em se apresentando a ocasião, pedindo um autógrafo e, para os que tenham mesmo MUITA lata, abordando essa pessoa (atenção, não me refiro a stalkers), e dizendo-lhe "olhe, gosto muito do seu trabalho, obrigada".

 

Mas, no momento em que ele morre, acabou-se. Para mim. Apreciadora do trabalho. Já não há tempo para mais homenagens, a obra fica, mas o artista morreu, ali, naquele preciso momento em que o corpo deixou de funcionar, seja qual tenha sido a razão dessa paragem.

 

O momento a seguir não é para os fans ou apreciadores do artista/figura pública. O momento a seguir é para quem perdeu um pai, uma mãe, um filho, um amigo. A partir do momento em que essa pessoa morre, deixa de nos pertencer e passa a pertencer apenas aos que deles eram próximos, aos que dele gostaram, e teriam gostado, independentemente da profissão que tivesse escolhido.

 

O circo que se monta à volta da morte das figuras públicas é, para mim, odioso. E as pessoas que estão realmente a sofrer, ainda têm de arranjar forças para levar com o circo, quando a única coisa que querem é aguentar-se nas pernas, e já basta o que basta, não é preciso circo. O circo serve para deixar as pessoas mais exaustas, mais vazias. O circo é uma imposição que ninguém merece.

 

Em tempos tive um amigo que era uma figura pública muito conhecida e muito querida. Quando ele morreu, a família mais próxima era constituída por meia dúzia de pessoas. Pessoas que queriam chorar o marido, o pai, o padrasto, o amigo. Pessoas que tiveram de preparar uma cerimónia que queriam intima e discreta, numa das capelas laterais da Basílica da Estrela, e que de repente se viram na necessidade de mudar tudo, para que fosse na nave central, e contactar a polícia porque o trânsito estava interrompido, e que tiveram de se esmifrar para cumprir os desejos do morto (nestas coisas toda a gente tem opinião de como se deve fazer a coisa, e nós só queríamos cumprir as últimas vontades desse tal amigo). E tiveram ainda que passar horas e horas e horas em que apenas lhes apetecia chorar, a fazer sala, junto de perfeitos desconhecidos que repetiam, julgando-se originais, a mesma lengalenga "gostava muito do seu pai". Ad Eternum.

 

Uma figura pública, quando morre, deixa de ser nossa. Passa a ser só da família. Tudo o resto é circo cheio de palhaços. Pobres. De espírito.''


08
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 11:06link do post | comentar

Mas que ainda não percebeu bem o que quer dizer...

 

 

 

 

No poder, está o partido Plataforma Cívica. Só o nome faz comichão. E pretende obrigar um direito de resposta a qualquer pessoa visado em qualquer artigo. Segundo os 57 editores que protestem: “If these provisions become law, the Polish press will be given over to politicians, officials, PR people and businessmen,”.

 

E depois ainda há quem defenda o ''caminho polaco''.


06
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 23:37link do post | comentar

Mãe. Poucas palavras de três letras têm tanta força. Mesmo Deus precisou de uma letra mais. Há na palavra uma herança pesada como o peso do passado merece ter. A sonoridade é de afecto, de abraço, calor e esperança – há sempre a casa da Mãe, a ajuda da Mãe ou mesmo o raspanete da Mãe.

 

Quero elogiar todas as Mães. Ser Mãe é difícil. Começa com nove meses de barriga em crescimento e nunca acaba. Ser Mãe é para sempre. Qualquer pessoa tem uma versão diferente da sua Mãe. E estão todas certas. Hoje no dia da Mãe, multiplicam-se as odes e referências às Mães. Todas merecidas. Qualquer Mãe merece o Mundo pois foi isso que ela nos deu. O dia de hoje é pequeno e curto para homenagear as Mães. 24 horas comparadas com uma vida de maternidade parece pouco.

 

Quero elogiar as Mães. Se pudesse abraçaria e beijaria todas as Mães. Esta crónica é complicada pela simples razão de qualquer Mãe merecer mais que um punhado de frases. Se pudesse, quando conseguir vou escrever uma obra-prima sobre as Mães. Hoje fica o elogio simbólico à Mãe. Porque me lembrei e porque nunca me esqueço. Pelas Mães dos outros e pela minha. Pela sorte que tive em conhecê-la. Pela honra de ser filho dela. O dia de hoje é curto para homenagear as Mães. O texto também o é.

 

À minha Mãe, que me nasceu.

Aos filhos e filhas, tratem-nas bem. Mãe, só há uma.

 

Crónica Clique


04
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 15:10link do post | comentar | ver comentários (3)

Depois deste texto ter ido parar ao Sapo, e muito se agradece a escolha, não é que Ricardo Araújo Pereira, também pegou neste tema. O malandreco.

 

Playboy do Paquistão:

 


publicado por José Maria Barcia, às 12:05link do post | comentar

 

Carta a Deus, de Miguel Esteves Cardoso, um dia depois de Maria João ter sido operada a um tumor no cérebro.

 

“Deus,


Bem avisaste que eras um Deus invejoso e vingativo. Também sei que Job era um caso-limite: uma ameaça do que eras capaz. Nem eu nem a Maria João temos um milésimo da obediência e da resignação de Job. E castigaste-nos menos. Mas foi de mais.

De certeza absoluta que nos amamos mais um ao outro do que te amamos a Ti. Sabemos que isto não está certo. Mas foste Tu que nos fizeste assim. Admite: deste-nos liberdade de mais. Foste presunçoso: pensaste que Te escolheríamos sempre primeiro. Enganaste-Te. Quando inventaste o amor, esqueceste-Te de que seria mais popular entre os seres humanos do que entre os seres humanos e Tu. Por uma questão de tangibilidade. E, desculpa lá, de feitio. Tu, Deus, tens o pior das arrogâncias feminina e masculina. Achas que só existes Tu. Como Deus, até é capaz de ser verdade. Mas, para quereres ser um Deus real e humanamente amado, tens de aprender a ser um amor secundário. Sabemos que és Tu que mandas e acreditamos que há uma razão para tudo o que fazes, mesmo quando toda a gente se lixa, porque não nos deste cabeça para Te compreender. Esta deficiência foi uma decisão tua: não quiseste dar-nos a inteligência necessária.

Mas deste-nos cabeça suficiente para Te dizer, cara a cara, que nos preocupamos mais com os entes amados do que contigo. Ajuda a Maria João, se puderes.

Se não puderes, não dificultes a vida a quem pode ajudar. Faz o que só um Deus pode fazer: reduz-te à tua significância. Que é tão grande".

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publicado por José Maria Barcia, às 09:08link do post | comentar | ver comentários (59)

 

 

 

Ainda sou do tempo em que comprar uma revista da Playboy era um misto entre perigo e prazer. A proibição de não ter idade para ver demasiado corpo em tanta página, e com sorte, uma ou outra parte apenas vista quando a televisão ficava ligada durante a madrugada e o saudoso canal 18 se estabilizava.

 

Tal eram os tempos, em que nem sequer havia uma edição portuguesa. Lá se encontrava uma inglesa ou brasileira (edições, claro está) e mostravam o que havia de melhor em comprar uma Playboy: corpos femininos desnudos. Era coisa de esconder a revista como uma bíblia em perseguições a católicos na Roma Antiga, mas desta vez, dos olhares jocosos e confrangedores de um elemento familiar qualquer.

 

Passa o tempo, passa o perigo de comprar uma revista para adolescentes – para adultos é um livro erótico, convenhamos – há uma em qualquer estação de serviço e já não há vergonha em comprá-la. Mas embora tenha ido à vida o aquilo que mais prazer dava em ter esta revista, apareceu uma coisa nova: a edição portuguesa. O que deixa uma pessoa a pensar, ‘’Ora então agora, que deixei de comprar a revista porque já tenho idade para a comprar, estes malandros, espetam-nos com miúdas portuguesas. Agora é que me lixei’’. E porquê? É simples. Existe em todo e qualquer homem, em maior ou menor dose, um sentimento telenovelístico. Gostar de mirar. De ver aquilo que não se vê no dia-a-dia. Ainda mais resumidamente, ver mamas de famosas. Ou rabos. Ou, muito sinceramente, qualquer famoso em trajes menores. O povo português então, que muito gosta de olhar para a relva da vizinha (sem trocadilho, por favor), adora ver que o famoso está nu. E é por isso que a Playboy portuguesa poderia ter um sucesso só alcançável ao predestinados.

 

No entanto, os senhores que decidem quem aparece na capa cometeram um erro gravíssimo: preocuparam-se mais em trazer famosas que a despi-las. E meus senhores, mais vale um peito nu incógnito que uma famosa com roupa suficiente para entrar numa igreja.

 

O que me levo à edição deste mês da famigerada revista. Na capa, Rita Pereira. Porreiro, pensa qualquer potencial comprador. E depois, percebe-se o porquê da revista vir rodeada de celofane. Publicidade enganadora. Vê-se um rabo, vê-se. Vêem-se costas, também. Tudo muito bom. Agora, e a nudez? Não há. E só se pode ver que não há depois de comprar a revista. É como comprar um Porsche e encontrar o motor de um carocha.

 

Sinto-me defraudado.


02
Mai 12
publicado por José Maria Barcia, às 16:02link do post | comentar | ver comentários (1)

O Pingo Doce faz uma promoção. Essa promoção é um desconto de 50% em compras com valor superior a 100 euros. A promoção calha no dia do trabalhador, 1 de Maio. Este dia é (ainda) feriado. Esta promoção, neste dia, tem como resultado último, a ajuda a uma população com cada vez menos poder de compra.

 

Tirando o simbolismo do dia, havia de ser uma promoção em Ipads e Iphones e coisas do género para ver as críticas. Que críticas?

 

P.S. Fotografia do Harrod's em saldos:

 


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